[ESPECIAL] Museu Videogames Brasil: O quão difícil seria isso?

On sexta-feira, 17 de dezembro de 2010 0 comentários

No meu post sobre “Restauração de Videogames: Um mercado em aberto” inspirado no SêniorCast #5 da Revista Game Sênior,  abordamos a importância de se manter viva a história dos videogames. No post demos foco especificamente a idéia de termos um mercado atuante no ramo de restauração e preservação dos consoles, jogos e periféricos da área de videogames, sempre analisando a parte passional e a parte financeira/empresarial (afinal como sempre friso nenhuma empresa entra para perder dinheiro, elas podem ter um retorno demorado, mas nunca entram para perder).

Mas em meio aos comentários a matéria de restauração e alguns comentários que vi recentemente (não relacionado ao nosso post, mas sim entre as pessoas que o @Summonando segue no twitter) uma idéia muito legal e  EXTREMAMENTE viável (a primeira vista) se executada corretamente: O Museu dos Videogames !

Para ser mais preciso muita gente da comunidade gamer já vinha comentando que seria legal se tivesse um Museu para manter viva a história do video game do Brasil e do mundo. Eu já tinha a intenção de escrever um post sobre esse assunto, mas essa intenção era para escrever apenas ano que vem, mas após ver vários tweets em relação ao assunto um em especial me motivou a escrever e analisar (ou pelo menos tentar) como poderia ser instalado um Museu dos Videogames levando em considerações diversos fatores. Bom reproduzirei os tweets do nosso amigo Old Game Master, redator da Revista Game Sênior:


“@OldGameMaster: O projeto "Museu do Videogame Brasil" visa criarmos um espaço para Aprendizado e Patrimônio Histórico Tecnológico Universal “ 11 Dez
“@OldGameMaster:Além da proposta de um museu totalmente interativo onde várias gerações podem desfrutar do entretenimento do passado” 11 Dez
“@OldGameMaster:Claro que para vigorar um museu do Videogame, precisamos urgente de instaurar no Brasil, um mercado de reposição e restauração de VG antigos” 11 Dez


Bom, então a partir de agora tentaremos analisar e montar um pré-projeto, apenas com a finalidade de elucidar aos leitores o quão difícil é criar um Museu de Videogames, pois envolve, em tese, diversas empresas, pessoas e dinheiro (este ultimo não entraremos no detalhe de preço, mas de como arrecadá-lo). Afinal, assim como no post sobre restauração, gosto sempre de ressaltar que apenas a paixão não basta (o que é uma pena), é necessário montar um negócio que seja VIÁVEL, RENTÁVEL e que tenha um CICLO DE VIDA ALTO (explicarei mais para frente, mas já adianto que um Museu de games tem, em tese, um ciclo de vida bem grande).

Chega de enrolação e vamos ao esboço do que eu chamo de pré-projeto !!!

Obs 1: lembrando que esse texto não tem o intuito de servir como base para nenhum projeto oficial, é apenas uma matéria tentando dar apoio aos diversos gamers que tanto lutam para isso, alem de mostrar os dois lados da moeda de se abrir um negócio no mercado competitivo de hoje.
Obs 2: Os textos não vão ser completamente formais, afinal, considero todos os leitores do Summonando como verdadeiros amigos então não vejo a necessidade de escrever o texto totalmente formal, certo Brow ! (tá parei hahahaha)

Bom, antes de tudo temos que entender o que é um projeto: “Um projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades interrelacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados.” (ONU, 1984). Esta definição da ONU define (a vá) tudo o que é necessário para um projeto dar certo, ressalto as palavras-chaves para o foco: Planejamento atividades e ações; Empresas relacionadas; Objetivo; Orçamento; e Tempo.
Um projeto surge em resposta a um problema concreto. Elaborar um projeto é, antes de mais nada, contribuir para a solução de problemas, transformando IDÉIAS em AÇÕES. E aqui vão as idéias (não criada por mim, apenas vou dar uma versão de como pode funcionar esse Museu, afinal é através de um BrainStorming que as coisas vão para frente)

O que queremos fazer?
Tentei elaborar uma frase para explicar o objetivo do projeto mas a frase do Old está perfeita para ilustrar a intenção do Museu: “O projeto "Museu do Videogame Brasil" visa criarmos um espaço para Aprendizado e Preservação do Patrimônio Histórico-Tecnológico Universal”.
A proposta do Museu não é apenas colocar os consoles em um quartinho com uma placa com seu nome e ano de fabricação. Não, o Museu deve ter como objetivo interagir e estimular o aprendizado das pessoas que entram nele, afinal vocês vão concordar comigo que entrar em um local que não ofereça um ambiente contagiante (positivamente) e boa interatividade e informação é chato demais; temos que cativar as pessoas para que eles voltem.

Por que fazer?
O principal motivo é para mantermos viva a história dos videogames de uma maneira mais interativa e concreta, já que no Brasil não há um local que retrate com força a história fantástica dos videogames. O objetivo secundário é cativar e ensinar novas pessoas (principalmente crianças) à história do mundo dos videogames.

Para quem fazer?
O Foco é nos retrogamers e colecionadores, alem de atingir (por meio de um espaço de interação que explicarei mais abaixo) “gamers modernos”, porem sempre tentando buscar novos “consumidores” (através do mesmo espaço interativo, que repito, explicarei melhor já já)

Como fazer?
Pergunta complexa essa, talvez a mais difícil e a que aborde mais tópicos para serem levados em consideração (afinal é a parte principal do projeto). Por isso essa é a parte mais longa do nosso post. Me empolguei tanto que preparei até um fluxograma mixado com um layout (mistureba hein hehehe) dos possíveis setores do Museu dos videogames.

Primeiramente teríamos que montar uma equipe para que um bom projeto fosse elaborado, analisando todos os aspectos pertinentes ao projeto, desde história dos games até quantos banheiros teria o espaço. Não poderiamos deixar passar nada. Após ter um bom em mãos (ou durante a elaboração do mesmo),  seria necessário correr atrás de investidores (salvo em caso deles mesmo terem pedido o projeto) que invistam de qualquer forma, seja apenas com capital depois repassado para os mesmos através de uma parte do lucro ou conseguindo empresas que loquem os espaços destinados para o setor alimentício, jogos ou souvenirs . Mas não vamos focar nesse aspecto de angariar investidores, vamos dar o foco na operação do Museu. Aqui vão algumas idéias de setores possíveis para o Museu:

- Espaço/ Praça Alimentação: Temos que admitir que o Museu não irá ser a principal forma de lucrar, ao menos não com o publico, o museu é mais como um ”imã” para atrair os gamers. Um dos principais setores de arrecadação de dinheiro será a praça de alimentação. Essa praça poderia ser construida semelhante à diversas praças de alimentação de shoppings, por exemplo, onde há espaços de tamanhos variados em que as empresas alugariam e usariam o espaço. Poderiam até servir comida “customizada” para o publico de games. (Cupcakes em forma de cogumelo do Mário seria uma boa hahahaha). Ah e o ambiente sempre climatizado com o mundo dos games.

- Espaço para lazer: Esse seria outro espaço onde seria arrecadado dinheiro. Nele teriam fliperamas e outros jogos que vemos nos shoppings. Mas um diferencial seria a inserção de uma área onde se pudesse jogar os mais diversos consoles (ta certo que a maioria da demanda provavelmente seria para consoles da nova geração, mas seria um espaço contendo diversos consoles de todas as gerações, afinal onde já se viu um museu de videogames não ter um espaço para jogar um videogame, nada contra os fliperamas hahaha). Já pensou no quão legal seria o pai levar seu filho para conhecer a história dos videogames e após isso ainda poder jogá-los? Nem preciso falar que o ambiente seria climatizado.

- Espaço de compras de produtos do ramo: mais um espaço onde seria arrecadado dinheiro. Nesse espaço teríamos lojas vendendo souvenirs relacionados aos games, banca de revistas de games, espaço para a venda de jogos e consoles, enfim, seria o principal setor de arrecadação de dinheiro, que se explorado corretamente poderia fazer deste local uma central de compra de consoles, jogos e equipamentos de videogames, revistas especializadas no assunto, enfim, seria uma "central de lojas de videogames" ou um "mini-shopping de videogames"

- Finalmente o mais importante, o Tour da História dos Videogames: A função desse tour não é apenas mostrar os consoles e sim ensinar sobre eles e sobre as empresas e pessoas que ajudaram a construir o mercado de games que temos hoje, por isso pensei nesse tour ser dividido pelas gerações de console, ou seja, a pessoa entra no tour na 1 ª geração e através dela vai vendo os consoles, empresas, pessoas (como criadores de jogos, etc)  e fatos importantes (como o crash dos games) em ordem cronológica e sempre em um ambiente climatizado e personalizado, para criar o ambiente do equipamento, pessoa ou empresa que está sendo apresentado. Essa organização cronológica e não em setores exclusivos apenas à consoles ajuda, ao meu ver, a organizar e facilitar o ensinamento sobre os games, por que de que adianta o cara passar o tour vendo sobre consoles e chegar ao fim dar de cara com informações sobre empresas, fatos históricos e personalidades dos games? Já coloquemos essas informações junto com os consoles, pois facilitaria a observação e localização dos fatos diante do tempo.

Montei um pequeno esboço de como seria direcionado o fluxo de pessoas em relação aos setores e atividades propostas pelo projeto:






Explicando melhor:

Ponto A – As pessoas entram no recinto. Acho mais viável não forçar as pessoas a passar pelo Tour caso queiram chegar ao espaço de compra, de lazer ou à praça de alimentação pois poderia se tornar algo desagradável o fato da pessoa ter que percorrer todo um caminho que ela não esteja com vontade de passar para chegar a outro determinado local. Nesse ponto então teríamos uma bifurcação (não tão explícita hehehe)que direcionaria as pessoas para o tour ou para os espaços de compra/lazer/alimentação.

Ponto B – Início do Tour. O Tour não seria a principal forma de renda, mas poderia ser um local de arrecadar algum dinheiro, cobrando um preço pequeno no ingresso (algo mais simbólico entre R$1,00 e R$5,00). Poderia ser grátis a entrada também, tudo dependeria de como o projeto seria montado, mas como já disse não vamos entrar em detalhes de valores, vamos ao operacional.

Pontos C1 ao C7 – O Tour seria dividido pelas gerações de consoles. A cada geração as pessoas seriam apresentadas a uma introdução de como era a época (culturalmente e politicamente falando, nada muito extenso para não ser maçante), após essa introdução, em ordem cronológica, seriam apresentados os consoles da geração, os fatos históricos relacionados aos games, o surgimento de empresas do ramo, jogos que marcaram a época, personalidades dos games (como criadores de jogos, trilhas sonoras,por exemplo). Lembrando que não seriam separados consoles, de jogos, de criadores; não, seriam colocados “misturados” (quando  digo misturado entendam em ordem cronológica) para fim de facilitar a visualização e posicionamento do tempo.

Ponto D – Final do Tour. Geralmente quem for ao tour é por que de certa forma está interessado no assunto. Seria interessante que ao terminar o Tour o fluxo de pessoas fosse direcionado não diretamente à saída, mas sim “forçado” a passar pela loja de souvenirs ou seção de compras para que pegássemos eles motivados com o tour que viram. (não gosto muito do termo forçar mas vocês entenderam o contexto).

Ponto E – As pessoas que terminaram o tour ou não foram no tour entrariam por essa parte que daria acesso aos setores lazer/alimentação/compras.

Ponto F – Espaço de compras (já explicado anteriormente)

Ponto G – Espaço para Lazer (já explicado anteriormente)

Ponto H – Espaço Alimentação (já explicado anteriormente)

Ponto I – Saída (lembrando que não estamos falando de layout, a saída e a entrada podem ser na mesma porta. Estamos falando mais do fluxo das atividades por isso elas estão separadas no modelo acima)


Quando fazer?
Quanto antes melhor, afinal é a época que está mais movimentando dinheiro nesse setor. E o mercado só tende a crescer.

Onde fazer?
Ponto essencial para o sucesso de qualquer projeto é o local onde será instalado. No caso de um local para o Museu dos Videogames primeiramente seria necessário uma pesquisa para saber onde o publico-alvo para tal empreendimento estaria mais concentrado; a primeira vista o mais sensato seria colocar esse Museu ou em capitais de estados ou em grandes cidades onde o fluxo de pessoas e dinheiro é maior. Aqui o principal método para a definição do local seria a realização de uma pesquisa, São Paulo (capital) seria um bom local, presumo eu.

Quanto?
Teria que ser feito todo o balanço dos equipamentos, local, aluguel, marketing... Enfim colocar na ponta do lápis todos os gastos necessários. Haveriam custos fixos, custos variáveis, custos únicos. O importante é montar um projeto viável e rentável para que alguma empresa ou grupo de investidores se anime em investir no projeto, afinal mais uma vez eu digo, A CHAVE PARA O SUCESSO É O PROJETO SER RENTAVEL E TER RETORNO BOM NO MENOR PRAZO POSSÍVEL. Não adianta nada montar um projeto em que os custos de implantação tenham retorno do capital investido só daqui a 60 anos, não, quanto antes o capital investido retornar mais interessante é para os investidores.


Concluindo montar um Museu de Videogames vai muito alem de juntar alguns consoles e colocá-los em um local para exposição. Envolve muito planejamento, controle, organização e uma boa equipe em todos os setores. O projeto se montado e executado corretamente deve ser viável pois seria um point de encontro de gamers onde seria possível jogar, comer, comprar coisas e ainda aprender sobre os videogames.É um ramo atrativo pois, conforme a nossa sugestão atrairia (teoricamente) os jovens, na seção de lazer e jogos, retrogamers e adultos de uma forma geral, na seção museu, tornando-se um point de encontro e lazer.
Isso que montei não é nem de longe um projeto, tais coisas são bem mais elaboradas e com muito mais detalhes (inclusive com orçamentos e tudo). Agora fico no aguardo do desenrolar, acredito fielmente que estamos entrando em uma era de maior valorização dos videogames no Brasil, quem sabe um local como esse não sai do papel. Mas que fique bem claro para todos, que um Museu dos Videogames (ou outro nome chamem como quiser) é viável, desde que haja um bom planejamento, capital, comprometimento, empenho e paixão por games. Bom três de cinco nós temos... só faltam dois.

Abraço a todos os retrogamers,
Otavio
Equipe Summonando


Summonando: Pensando no futuro salvamos o passado... 

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